domingo, 24 de maio de 2009

As crianças aprendem o que vivenciam

É chocante verificar o grau de abandono da infância em nosso país.

No (excelente) documentário "Criança, a alma do negócio" vê-se que as crianças brasileiras são as que mais passam tempo diário em frente à tv (quase 5 horas por dia, em média), tempo este maior do que o que passam com os pais. Não é difícil imaginar quem, ou o quê, está educando os pequenos.

No caderno Mais da Folha de hoje há fotos da pequena apresentadora Maísa chorando (sim, ela chora em público além de ser constantemente humilhada pelo seu patrão, ninguém menos que Silvio Santos). Maísa mal completou 7 anos... O que faz o conselho tutelar que ignora tal abuso? Quantos pais e filhos não assistem, passivamente, a esta significativa exploração da menina ao vivo e à cores, todas as semanas?

Esta semana, num condomínio de luxo aqui em São Paulo, M. presenciou uma mãe sair de seu imenso SUV e gritar histericamente com o filho de pouco mais de 5 anos, que também foi surrado. Em público. A violência contra as crianças independe de classe social, nisso somos bastante democráticos. E não se restringe à esfera da vida privada, já que a mãe não aparentava estar constrangida dando um "corretivo" no filho.

Crianças são indivíduos em formação. Aprendem tudo o que ensinamos à elas, ou o que deixamos de ensinar. Os exemplos que os adultos têm dado aos pequenos em nossa cultura são o de que não merecem consideração (por isso são abandonados em frente à tv), podem ser ridicularizados para deleite dos mais velhos (tal como Maísa) e devem covardemente abusar dos mais fracos, daqueles que não podem se defender (já que surrar uma criança é sinônimo de educar por aqui...). Não estamos muito atentos às consequências destes atos quanto à formação dos futuros cidadãos da nossa sociedade, como nos ensina este poema de uma educadora americana, que inclusive dá o nome a este post.

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