domingo, 26 de abril de 2009

Chupeta ou dedo?

Para mim, não foi necessariamente uma surpresa: já sabia que era comum pais novatos sofrerem com a enxurrada de palpites, vindos de pessoas próximas ou nem tanto, sobre a forma de criar os filhos... todos se sentem no direito de dizer o que é certo ou errado sobre este assunto, sempre com a melhor das intenções!
No entanto, o que me surpreendeu foi o quanto incomoda uma criança chupar o dedo, hábito que a O. cultiva com fervor desde os dois meses de idade.
Desde nova eu escuto comentários sobre o quanto é prejudicial chupar dedo: que atrasa a fala, que estraga os dentes, que é feio...
Atualmente, os pediatras já não falam mais sobre os problemas oriundos desta conduta, ao contrário. Há uma corrente totalmente à favor dela, baseada no fato de que é um modo de auto consolo da criança, mais saudável que a chupeta. O reflexo de sugar é algo inato no ser humano e sugar o dedo é uma maneira da criança se acalmar sozinha, seu primeiro ato de independência em relação ao adulto responsável por ela. Já a chupeta não pode ser acessada por ela quando bem entende e muitas vezes é utilizada pelos adultos como forma de controlar a criança, calando sua voz quando melhor lhes convém. Abuso de poder!
Pessoalmente, detesto chupeta. Nos bebês pequenos cobre praticamente metade do rosto. Nos maiorzinhos, deixa-os com cara de bobos, chorões... Além desta questão estética, que estranha mania esta de enfiar um pedaço de borracha na boca de um bebê!
Assim que sua percepção sobre o ambiente começou a se desenvolver, a O., como qualquer criança saudável, aprendeu a manifestar seu desagrado. Sobretudo o sono e o cansaço eram sensações que a incomodavam demais, e até ela aprender que a maneira de combatê-las era dormindo, algumas noites foram bastante ruidosas aqui em casa. Ela chorava até dormir, exausta. Nesses dias, relutamos em oferecer-lhe uma chupeta, até porque o próprio fabricante deste artefato não recomenda que seja apresentado à criança até os três meses de idade, já que interfere na consolidação do aleitamento materno, pois causa uma confusão sobre o modo de sugar o seio.
Numa noite em que ela estava chorando bastante e nossa paciência já tinha ido pro beleléu, resolvemos parar de remar contra a corrente que prega o uso da chupeta (e contra todos os palpiteiros de plantão que achavam uma maldade não dar uma para a menina) e adquirir a nossa.
Enquanto o bebê chorava no colo do pai, fui caminhando até a farmácia no passo mais lento que pude, tanto para aproveitar o momento de sossego para meus ouvidos, como para dar tempo de, quem sabe, evitar o uso da chupeta naquela noite.
Escolhi um modelo adequado para idade dela e voltei pra casa. Me surpreendi com o preço da peça: custa 3x o valor de uma bolsa de água quente pequena, por exemplo... No caminho, ia mentalmente desejando que a O. já estivesse dormindo quando eu chegasse, apesar de estar cética quando a isso.
Já no hall do elevador, meu coração bateu um pouco mais apressado: o silêncio reinava em casa! Então, era possível que meu desejo havia sido atendido, que ganharíamos mais uma noite para evitar o uso do objeto odiado! Fomos dormir bastante satisfeitos, nos achando os maiorais!
No dia seguinte, outro momento "chorar-até-dormir" e resolvemos ver se a chupeta poderia ser uma saída, já que esta conduta da O. estava nos preocupando bastante. Oferecemos a chupeta e... nada! Ela não só detestou como chorava a cada vez que tentávamos empurrar o troço na boquinha dela! Não era isso que ela queria, essa não era a solução!
Alguns dias depois, ela adquiriu o controle das mãos e aí então percebemos o que ela tanto queria: chupar o seu dedinho... Quando conseguiu, passou a dormir mais rápido e mais feliz.
Ficamos radiantes, a paz voltava ao nosso lar!
Até aparecer um chato pra criticar o novo hábito da nossa menininha, calminha com seu dedo na boca. Como o prazer incomoda!
Desde então, tenho exercitado um belo sorriso amarelo para mostrar aos pentelhos que gostam de dizer que nossa pequena não deveria chupar o dedo.
Já que não dá pra discutir, a melhor política é fingir que não ouviu!
Fazer o quê, né...

2 comentários:

  1. Há! Minha irmã quase ficou louca com esses palpites. Então ela resolveu adotar o parâmetro dos instintos naturais. Se a criança faz por conta própria, deve ser natural dela. E tem algumas coisas que incomodam os adultos, como o moleque de dois anos que insiste em ficar pelado pela casa brincando com seu instrumentinho. Sempre tem um adulto que acha aquilo "feio" ou "hábito ruim" (!!!). Desde quando a criança de dois anos tem noção do que é 'imoral' ou 'ofensivo' ou 'constrangedor'?? Ele mexe porque fica ali pendurado e é engraçado! E só!

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  2. É isso aí, Mariotto! Nós estamos tão desligados do instinto que achamos tudo errado... Mas o único jeito de acertar é ouvir o que ele tem a dizer! bj!

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