segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dor no parto

A Folha de São Paulo online está com uma enquete sobre dor no parto, perguntando se você é à favor ou contra o parto normal, com dor. 40% das pessoas que participaram da enquete se dizem mulheres e contra a dor no parto.

Não é de admirar. Em nosso país, quem não opta pela cesárea dificilmente tem um parto vaginal humanizado. A regra é um parto apressado artificialmente com hormônios, com enfermeiras grosseiras alertando as parturientes a ficarem quietas, aplicação de anestésicos para tirar as dores que o hormônio causa e para facilitar a incisão no períneo chamada de episiotomia para que o bebê nasça mais depressa e libere a sala de parto para a próxima da fila. É, quase sempre, um evento estressante para a mulher e para o bebê e quem passa por isso dificilmente quer repetir a dose.

Acontece que além de todos os benefícios do parto natural, uma pesquisa inglesa defende com argumentos científicos que a dor é um processo fisiológico necessário e importante para a mãe e para o bebê, uma espécie de rito de passagem:

"
Entre as vantagens de optar por um parto natural, além de razões médicas, está o prazer desse rito fisiológico que culmina com o nascimento do bebê, junto ao fato de que a própria dor induz à liberação de endorfinas, que dão uma sensação de euforia e bem-estar", diz o pesquisador.

No parto da O. senti bastante dor, algo que lembra vagamente uma cólica muito forte, mas que a impressão mais marcante era um sentido de urgência. Era algo tão intenso que nem me lembro direito, não sou capaz de descrever! Ao mesmo tempo, porém, acho que denominamos aquilo como dor por falta de definição melhor: pois a dor que conhecemos sempre está acompanhada de mal estar, ao passo que a dor do parto tem como principal característica uma disposição incrível, uma vontade de correr os 100 m. rasos!

Estive todo o tempo acompanhada de pessoas queridas me apoiando, pude caminhar, sentar e entrar no chuveiro o quanto quis (algo importante para alívio da dor) e em nenhum momento meu parto foi pressionado por hormônios que, dizem, tornam a dor humanamente impossível de ser suportada. Além disso, assim que o bebê nasce não há mais nenhum vestígio da dor. Vinte minutos após o parto (pois antes disso estava curtindo e lambendo a cria) pude ir sozinha até o chuveiro tomar um bom banho. E não consegui dormir em seguida, fiquei numa euforia tão grande que enquanto M. e O. dormiam ao meu lado (ela nasceu as 2h da madrugada) fiquei andando pelo quarto. A mistura de ocitocina (hormônio do prazer) com adrenalina te deixa em outro estado, mais viva do que nunca!

Outra coisa interessante é que mulheres que têm filhos por cesárea param em poucos rebentos. Não conheço ser humano que tenha tido 10, 12 filhos por cesárea como nossas antigas avós!

Pensando em meu parto, não consigo imaginar escolher não ter a oportunidade de passar por ele. Foi tão marcante para mim e necessário para me definir como mãe. Assim que tudo terminou, só pensava em quando poderia repetir a dose! Foi, sem dúvida nenhuma, a experiência mais intensa da minha vida. Na verdade, me ensinou o real significado de estar e dar a vida...


Um comentário:

  1. Meu, é incrível como quase todas as mães que conheço mais ou menos com a minha idade tiveram o parto feito por cesárea. Todas sabem que o parto normal deveria ser melhor, mas todas fizeram o contrário. Alguns astrólogos até se recusam a calcular mapas de crianças nascidas por cesárea. Dizem que a hora do nascimento não é a hora real. Pois é.

    ResponderExcluir